Em si, o salão não era grande. Parecia um restaurante. O piso do chão era carpete de madeira e as paredes eram revestidas por um veludo avermelhado que era realçado pela luz fraca. O teto, também de madeira, mas muito simples. Possuía tábuas que o suportava (ainda mais considerando que estivéssemos no subsolo). Fui olhando à minha volta e logo percebi que eram dois andares. No primeiro, uma quantidade de quinze a vinte mesas redondas (acho) foram espalhadas pelo ambiente. Todas ocupadas. Estavam cobertas por toalhas compridas brancas e tinham à sua volta uma quantidade que variava de duas a oito cadeiras. Todas de madeira e almofadadas. O tom era o do mesmo vermelho das paredes. As pessoas riam alto e falavam coisas que julgavam ser engraçadas. No entanto, nenhuma parecia se importar com o barulho que a mesa vizinha fazia. Elas pareciam tão confinadas em suas próprias conversas e assuntos que nem ligavam para as outras.
Havia luz, um lustre fraco com inúmeras velas bem no centro do salão clareava um pouco as coisas, mas não era apenas essa iluminação que dispúnhamos. Em cima de cada mesa havia também um castiçal com três velas. Não deixava de ser romântico.
Além disso, também no primeiro andar, bem na frente do salão (o que significava à direita da porta), existia um palco. Não era grande e o que separava do resto do salão era apenas um degrau – revestido de veludo avermelhado. No entanto, ele era... bonito. Tinha uma cadeira solitária e um microfone à sua frente.
Depois, vi que Sara e seus amigos estavam indo em direção à pequena escada escondida nos fundos do primeiro andar. Acompanhei-os. Enquanto o fazia, notei que algumas pessoas me olhavam de canto de olho. Senti um calafrio na espinha quando um menino de cabelo “multicolorido” deu uma risadinha para mim. Ele se virou quando olhei para ele, mas não rápido o bastante para eu deixar de ver a cor de seus olhos. Eram cor de âmbar.
Sara me pegou pelo braço e me fez subir a escada mais rápido.
- Não o provoque.
Não entendi muito bem.
- Como assim? – Perguntei, com uma das minhas sobrancelhas erguidas. – Era ele quem estava olhando para mim.
- E você acha que isso aqui importa? – Perguntou. – Aqui não é mais o seu bairro, Grace.
- T-tá. – Vou confessar: aquele aviso me assustou um pouco. O que eu deveria esperar exatamente de um lugar daquele então?
Chegamos ao segundo andar. Era melhor aqui. Não havia tanta gente e a luz era até melhor, pois estávamos mais perto do lustre. O segundo andar ia até as proximidades do palco. Era como se fosse um camarote sem divisões. O número de mesas havia caído para dez, ou até menos.
Sara e seus amigos foram em direção a uma mesa que ficava exatamente em frente ao palco. Vi que estava escrito (em alto relevo) em um cartão ao lado do castiçal “reservado”.
Quando viu que não havia tomado lugar, Sara virou-se para trás até me achar.
- Não vai se sentar? – Perguntou séria.
- Bom, eu...
Nisso Gabriel me deu um sorriso.
- Tudo bem, Grace. A cadeira não morde – brincou.
Tentei sorrir com aquilo, mas saiu mais como uma careta.
Aproximei-me mais da mesa e tratei de me sentar.
Assim que o fiz, ainda dei uma olhada à minha volta. O ambiente era lindo mesmo. Foi quando notei que, bem à minha frente existia um bar. Me senti um em filme de cabaré naquele momento. Sara viu meu interesse.
- Se quiser ir até lá, Grace, pode ir – falou.
- Hun? – Falei. – Ah, não, não. Vou esperar um garçom – admiti.
Depois, ouvi um risinho por toda a mesa. Sara soltou um suspiro e depois me puxou para mais perto.
- Aqui não há garçons, Grace – disse. – As mesas decidem o que querem, depois alguém vai até lá pedir – explicou.
- Oh. Que estranho não? – Minha pergunta casual soou mais comentários do que eu imaginava.
Sara respirou fundo de novo.
- Este é um lugar para se ouvir covers, recitar poemas e fazer apresentações. Não acha que seria um pouco incômodo se sombras de pessoas e pedidos passassem por você enquanto você vê um poema deprimente sendo recitado?
Abri a boca para responder, mas mesmo assim. Sara tinha certa razão em suas palavras. Eu sempre achara incômodo quando estava prestando atenção na TV, no filme do cinema, ou até mesmo em qualquer apresentação e vinha alguém e passava na frente, me fazendo perder o fio da meada.
- Entendo – disse por fim. – Mas, como fazem quando querem pedir algo e estão no meio de algo no palco? – Desta vez, fui esperta o bastante para perguntar em voz baixa para, apenas, Sara.
Ela deu uma risada, mas sua resposta foi mais gentil do que as duas últimas.
- O bar é fechado dois minutos antes das apresentações começarem e é aberto só quando há um intervalo entre elas e/ou quando terminam.
Assenti.
- Por isso, Grace, se quiser algo, é melhor ir pedir.
Neguei com a cabeça.
- Mas, que horas as apresentações começam? – Perguntei.
Sara deu de ombros.
- Depende – falou. – Todo o primeiro andar já chegou e só faltam algumas mesas para encher, mas não creio que venham mais muitas pessoas.
- E, quantas vêm em média?
- Acho que hoje a casa lota. É seção cover, então muitos querem assistir ou participar.
Levantei uma sobrancelha.
- Covers de quem?
Sara deu um sorriso largo.
- Beatles – falou. – É uma noite especial, por isso acho que está cheio e por isso acho que virão muitas pessoas, mas ainda está cedo – acrescentou.
- Como assim? Que horas começa?
Sara olhou para o relógio.
- Dentro de cinqüenta minutos – admitiu. – São só 00:10 ainda. Tem tempo.
- Você acha que isso é cedo? – Perguntei incrédula.
- Hey, as apresentações demoram em média uma hora e ainda tem o intervalo. Além disso, ninguém vai embora logo depois das apresentações. Antes das três da manhã não saímos daqui – ela sorria como se aquilo fosse algo de bom. Aquela garota não sabe que tínhamos aula no dia seguinte?
- Mas, se você quiser ir embora antes, eu e você vamos – senti a tristeza em seus olhos e em sua voz quando falou isso.
- Hun? Ah, tudo bem. Vamos... esperar o decorrer da noite. – Achei que aquela seria a melhor coisa para se dizer em uma situação como aquela.
Sara soltou um meio sorriso e percebi que não teria outra coisa vinda dela com relação àquilo. Tratei de encarar novamente o palco. A cadeira e o microfone ainda estavam ali. No entanto, agora tinha também uma luz azul. Era bonita. Hipnotizante. Fiquei pensando em que tipo de poemas eram recitados ali e que tipo de apresentações Sara estava se referindo. Voltei a olhar para ela. Agora ela ria de algo que Gabriel havia dito. Era estranho vê-la tão sorridente. Principalmente, depois de tudo o que eu sabia. No fundo, acho que sentia mais pena dela do que qualquer outra coisa. E eu sabia que ela não conversava sobre tudo com ninguém. Lembrei-me da minha promessa. Eu ajudaria Sara Owl.
Olhei mais uma vez à minha volta e constatei algo que me fez sorrir para o nada: aquele salão era como Sara. A princípio, parece sombrio e frio (como os olhos daquele cara que me encarou ainda pouco), mas depois que você o analisa melhor, vê que é como a luz azul do palco. Fascinante."
do svidaniya, Clara Ferreira
8 comentários:
noossa kk! eu amei meeeeeesmo! quero saber como continuuua!
precisa de uns ajustes, mas eu te ajudo com isso se precisar, sabe que qualquer dúvida to aqui
sua inspiração me impressiona! TALENTED GRLLL
love u so much! xxx
*--* brigada, gata
ai, por favor, me ajuda, sim. Às vezes eu cometo uns erros meio tensos mesmo haha
mas brigada por comm e pode deixar que vou continuar postando C=
Sabe que é minha quase-autora favorita né ? XD
sério, ficou muito bom e , man, sem comentários, continue assim gatonildan !!
quero saber do resto da história o/
te amo divaaaan S2S2S2S2S2SS2S2S2S2
Ouwnti *-* fofa e obg <333
agora estou sem-graça, coisa. E pode deixar que já estou pensando em como continuar isso -S
q orgulho da minha priminha! *--*
te amo mtooo
continue assim! =D
<33 tks, Barney haha
pode ficar tranquila que eu já estou escrevendo outro cap -S
=*
loved it *-*
thank you <3
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