Tarde da noite.
O relógio da rua marcava 9:35 da noite.
Ela saia assustada do prédio. O tempo ameaçava uma tempestade.
Ele corria atrás dela.
- Mary! - gritou. - Mary, espere!
- Não! - gritou de volta. - Dave, me deixa que eu quero ficar sozinha!
Mas ele não lhe deu ouvidos. Correu mais ainda e a alcançou. Ela parou quando ele pôs a mão em seu ombro e virou-a para poder encará-lo.
- Olha, Mary - disse ele depois de um tempo em silêncio -, por que não me conta o que está acontecendo?
Ela olhou para o chão.
- Escuta, Mary, não tem que ser assim - admitiu Dave. - Você pode contar comigo - confessou.
Ela começou a tremer. Estava prendendo um soluço, mas Dave era persistente.
- Por que você não fala? - Perguntou ele. Ela virou seus olhos em sua direção. - Não confia em mim?
Isso foi o bastante para lágrimas abrirem caminho úmidos em suas bochechas e percerrerem seu rosto.
Ele a abraçou.
- Calma, calma. - Ela não retribuia o abraço, mas ele não se importava com isso. Beijou o topo de sua cabeça, coçou suavemente suas costas e acariciou sua nuca com o polegar. - Vai ficar tudo bem.
De repente, ela ficou dura. Ele percebeu nesse momento que deveria soltá-la do abraço. Havia brincado demais com a tolerância que ela tinha.
- Não vai não - sussurrou ela olhando pra ele.
Ele não entendeu.
- Como assim?
Ela serrou os punhos e não se conteve mais. Simplesmente, sentiu as palavras pularem de sua boca como se tivessm vida própria.
- Meus pais não confiam mais em mim, minha melhor amiga me odeia, estou de recuperação em um zilhão de matérias, o cara que eu sempre vi como irmão acaba de me dizer que gostaria de transar comigo e eu estou perdidamente apaixonada por um idiota burro estúpido engraçado lindo que não se importa comigo e que está bem na minha frente!
Ele a olhou assustado e depois caiu de joelhos na rua. Era muita coisa para ele.
Começou a chover depois disso. E ele sentia que ela olhava pra ele esperando por alguma reação. Qualquer que fosse. Decidiu então o que fazer. Levantou-se, olhou pra ela e a beijou. Ela correspondeu dessa vez.
O beijo foi um selo perfeito. Nem muito demorado e nem muito curto. Quando acabou, ele se aproximou dela e sorriu.
- Acha mesmo que se eu não me importasse, eu viria atrás de você na chuva para impedir que você ficasse doente?
Ela riu. E depois o beijou de novo.
Mesmo na chuva, mesmo com o frio e com o mar e problemas que os envolvia, ela sabia que agora ia ficar tudo bem.
do svidaniya, Clara Ferreira
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